Pena alternativa

por - abril 12, 2010



Quando recebeu a pena, o menino se desesperou. Nunca gostara de ler, muito menos aqueles clássicos da literatura brasileira. Na escola, quase sempre matava as aulas de português e quando ia, não entendia as análises feitas pelo professor. Agora ele próprio teria de analisar aquilo.

Seus pais, aliviados com a pena, o apoiaram desde o início, e o levavam à biblioteca todos os dias. Mas de nada adiantou: ao chegar lá, ia direto para a parte dos quadrinhos. Uma semana antes da entrega, percebeu o tempo que havia perdido - se desesperou. Nem começara a ler nenhum dos livros!

Tinha sido proibido de frequentar lan houses, mas no dia seguinte, depois de chegar na biblioteca fugiu para uma e lá pesquisou diferentes análises. E seguiu essa rotina até o final da semana, para ter sua própria análise pronta.

Com a análise pronta e entregue, o juiz leu e percebeu que o menino não havia realmente lido o livro e escrito aquilo. Para ter certeza, pediu para ao réu que comentasse sobre o livro - e confirmou sua suspeita. Com isso, a pena foi modificada: o hacker fora mandado para um internado, onde ficaria o tempo suficiente para cumprir sua detenção e, ainda, sair de lá apreciando a literatura.

O garoto se surpreendeu. Dentro de um internato, sem contato com o mundo exterior, conheceu viajou mais do que imaginava viajar, explorou lugares inalcançáveis e descobriu novas culturas. Com os livros, então, o menino aprendeu que o mundo não se restringia àquele pequeno quadrado em que vivia - e percebeu que poderia ser muito mais! Desde então, não passa um dia sem ler.


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