7 de julho de 2010

Guiné-Equatorial

Bom, eu estava lendo a Folha de São Paulo ontem e uma das manchetes me chamou a atenção: "Ditador respeita democracia e direitos humanos, diz Lula ". Mesmo sem conhecer muito sobre a Guiné-Equatorial, o que mais me chamou a atenção foi o fato de um ditador respeitar a democracia e os direitos humanos, coisa que não são típicas de um ditador. Por isso, resolvi pesquisar um pouco sobre o país, para ver se isso realmente valia ou não.


Para começar, essa é a localização da Guiné Equatorial. Seu território é separado em três, e a capital, Malabo, fica na ilha maior. O terrirório foi 'descoberto' pelos portugueses, em 1471, quando procuravam uma rota para as Índias. Depois, se tornou um importante ponto de tráfico de escravos. A terra, então, tornou-se domínio espanhol até o final da década de 60, quando tornaram-se independentes.

Durante os próximos anos, Francisco Nguema governou o país, se tornando um ditador, sem permitir eleições e se autodecretando primeiro ministro e ministro do exército. Enquanto esteve no poder, reprimia qualquer tipo de oposição, era autoritário e violava frequentemente os Direitos Humanos, criando leis como a proibição da pesca, de nomes espanhóis e ainda se autoapelidou de "Milagre único". Tudo era controlado por sua família e seus parenteses. Houve muitas mortes.

Até que, em 1979, seu sobrinho, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo - o atual presidente do país - organizou um golpe de estado, com ajuda do exército, que o tirou do poder. Hoje, ele é considerado o oitavo governante mais rico do mundo. Talvez não seja coincidência o fato de que Guiné Equatorial tenha o maior PIB per capita do continente, mesmo tendo o IDH médio.

Ano passado, Obiang foi eleito com 95 % dos votos, apesar de muitos acreditarem que as eleições foram fraudadas, e mantem-se no poder graças a um forte aparelho repressivo, do qual fazem parte os seus guarda-costas marroquinos.

A CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)

O presidente da Guiné Equatorial decretou o português como uma das línguas oficiais do país, ao lado do espanhol e do francês. Isso ocorreu por uma condição para a entrada de seu país no CPLP. Ao entrar na Comunidade, receberá apoio dos oito membros (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) para que ocorra a difusão do ensino de português no país.

Há suspeitas de que, na verdade, a CPLP é utilizada, na verdade, com fins comerciais e econômicos, de modo que as empresas de países membros possam ter maior liberdade para comércio com novos membros. O Brasil é um dos países que apoia o ingresso da Guiné Equatorial. Apesar disso, as razões desse apoio é duvidosa, já que o país não fala realmente português e é alvo de denúncias sobre violações do direito humano. Segundo o analista político David Fleischer, da UnB, esse apoio ocorre com base em interesses nacionais. A Petrobrás tem interesses no país, que é produtor de petróleo, e o Brasil pode estar buscando mais um voto para o Conselho de Segurança da ONU.

Vale ressaltar que o próximo líder da CPLP, a partir de julho, é o presidente José Eduardo dos Santos, da Angola,país em situação parecida com a de Guiné Equatorial, já que ele também está no poder há trinta anos.

Presidente Obiang e Presidente Lula

Domingo, o presidente brasileiro chegou à Guiné Equatorial e foi recebido pelo próprio Obiang no aeroporto. Na segunda, Lula assinou acordos nas áreas de defesa, supressão de vistos e cooperação bilateral. e afirmou que ambos os países respeitam a democracia e os direitos humanos.
 
Fontes: