27 de julho de 2010

E o Mito Permanece


Muitos acreditam que a evolução da ciência anula a função do mito. Mesmo assim, apesar de a ciência se sobressair atualmente, sempre haverá espaço para o mito.

O homem criou o mito para explicar o mundo e para encontrar conforto. O mito não só explica o que ocorre a sua volta como também ajuda: com a explicação, o indivíduo muda seu modo de agir – e muitas vezes para melhor. Um exemplo é o do Czar Alexandre, da Rússia, que, antes de derrotar o exército napoleônico, teve um sonho no qual Deus dizia a ele que isto ocorreria. Ao contar o sonho a seu próprio exército, houve um incentivo e maior confiança de que eles conseguiriam derrotar seus inimigos.

No entanto, ao longo do tempo, o homem começou a procurar explicações mais concretas e objetivas para os acontecimentos. Através de pesquisas e experimentos científicos, os seres humanos tentavam provar as teorias existentes. Com o avanço da ciência, esta foi ganhando cada vez maior credibilidade. Ela passou a ter o caráter explicativo e, muitas vezes confortador que antes só existia no mito. Este, por sua vez, foi perdendo a credibilidade.

Apesar disso, muitos ainda acreditam em diversos mitos, já que, mesmo não sendo de todo explicativos, fazem efeito. Mesmo com o fato de não haver motivo pelo qual um ritual melhore a colheita, este dá maior confiança àqueles que cuidam dela e que, portanto, dedicam-se mais para que saia tudo bem. Além disso, os mitos conseguem abranger áreas que a ciência ainda não conseguiu explicar, o que garante ainda hoje alguma credibilidade àquele. Algumas pessoas que vêem – ou dizem que vêem - espíritos, por exemplo, têm seu ‘dom’ justificado pela crença, mas não pela ciência.

Portanto, percebe-se que, mesmo com a ciência cada vez mais presente na vida do homem, ela não anula a existência do mito. Este sempre permanecerá na vida das pessoas.


(Fuvest 1996)