10 de janeiro de 2010

Teimosia em pessoa

Lá estava eu de novo, no cinema com o Felipe, quando ele me pediu em namoro. Eu gosto dele, muito, mas se meu pai soubesse disso, eu teria um grande problema. Na hora eu não havia pensado nisso. E aceitei. E na semana seguinte, todas minhas amigas já sabiam.

Eu estava feliz, mas ainda não tinha contado a novidado ao meu pai. Um dia, Christiane, uma das minhas melhores amigas, veio almoçar em casa e, sem querer, deixou escapar, enquanto estávamos no carro:

“Gi! Como vai o Felipe?”
“Quem é Felipe, Giovanna?” Exclamou meu pai
“Bom, pai” eu hesitei um pouco, mas falei “Eu estou namorando.”

Meu pai ficou mudo. Chris até estranhou ele não ter falado nada durante o almoço. Passado uns três dias, ele só falava comigo se fosse extremamente necessário. Parecia me evitar. Foi então que veio a notícia: “Giovanna, vamos nos mudar. Para outra cidade.”.

Eu, é claro, fiquei sem reação. Só porque eu estava feliz agora, com meu namorado e minhas amigas! Não acreditava no que ele havia feito. Saí correndo e fui chorar no meu quarto. Fiquei triste, abalada com a notícia, por uns três dias.

No fim de semana, liguei parar o Felipe e combinamos de nos encontrar dali a pouco, numa pracinha. Ainda não tinha contado a decisão do meu pai. Quando cheguei lá e ele me viu, já percebeu que havia algo de errado e já foi perguntando o que era.

Depois que contei, ele pareceu meio decepcionado, mas falou que daríamos um jeito nisso. E propôs conhecer meu pai. Afinal, se eles se conhecessem, era capaz de meu pai gostar dele e tirar a idéia maluca da cabeça.

Então, o Felipe vinha almoçar em casa na segunda. Eu estava ansiosa para ver o que papai achava dele. Mas, ao contar o que planejava, meu pai me pegou de surpresa: “Giovanna, não dá! Nosso avião sai domingo à noite”

Fiquei desesperada e liguei para meu namorado para contar a desgraça. Mas ele não perdia as esperanças (uma coisa que eu amo nele) e disse que conheceria meu pai e o faria mudar de idéia de qualquer jeito. Ele só não me disse seu plano.

No domingo de manhã, meu pai me acordou cedo, com um buquê de flores na mão. Felipe tinha deixado para mim. Então pediu para me arrumar e descer para tomar o café-da-manhã. Fiz o que mandou.

Quando cheguei na copa, quem estava lá? O Felipe! Ele e meu pai estavam conversando como se fossem amigos há muito tempo. E eu gostei de ver aquilo.

Se meu pai não fosse tão teimoso, era capaz de ter conhecido meu namorado antes e não inventar essa história maluca da mudança. É, ele realmente inventou. Achou que se eu achasse que iria me mudar, eu terminaria com o Felipe. Isso que dá ter um pai ciumento!

Baseado no filme: Contos de Nova York, do Woody Allen