2 de agosto de 2008

Lojas de rua


Bom, lá estava eu na minha aula de português. O professor estava falando do romantismo, e começou a falar que seus escritores tinham umas características, o escapismo. Então, comentou que, até hoje, todo mundo pratica o escapismo, independentemente de sua situação, as pessoas querem sair um pouco da realidade e, assim, ter um pouco de paz, ou sei lá o que, só simplesmente se sentir, de certa forma, livre.

Para conseguir fugir da realidade, o homem criou várias coisas, entre elas a bebida e o cigarro. Ele comentou sobre isso para falar, também, que outra forma de escapismo era a literatura.

Mas, enfim... Se você for pensar, todo mundo que bebe ou fuma é porque aconteceu alguma coisa com a qual ela não se conforma, porque quer chamar a atenção ou pelo fato de ser 'maria vai com as outras' e querer imitar os amigos. Por exemplo, se tem alguém que não teve uma infância boa, sem a família bem estruturada, não receberam a educação boa, nem o carinho necessário, essa pessoa, você percebe que é sempre ela quem se afunda nos vícios – maneiras de escapismo. É claro que existem exceções, mas, que eu conheça, a maioria dos casos é assim.

Na outra aula, o professor continuou o assunto dizendo que o romantismo brasileiro servia para mostrar a identidade do povo, que podia caracterizar os costumes, os índios... Como nós lemos o ‘Sargento de milícias’, o professor chegou à seguinte conclusão: que sempre aquele que está em um nível mais baixo procura se comportar como alguém de um nível mais alto.
Por exemplo, um escravo agricultor queria ser um escravo de casa, este, por sua vez, queria estar no lugar dos senhores de engenho, os senhores de engenho procuravam se comportar que nem a realeza...

É claro que, para provar que nós realmente pensávamos assim até hoje, já que ele diz que uma característica do brasileiro é ‘imitar’ os outros, nós imitamos os outros. De certo modo, isso pode até ser verdade. Por exemplo, os brasileiros gostam de imitar os americanos, isso é fato. Tudo que vem de lá, aqui faz sucesso. Hot Dog, Cheeseburger, Starbucks, Mcdonalds... Entre muuuuitos outros... Também tem os nomes: Shampoo, shopping, até nosso futebol é meio americanizado, já que ‘foot’ em inglês é pé. Nós não o traduzimos, só adaptamos o som!

Até aí, eu realmente concordava com ele, mas ele resolveu, é claro, dar um exemplo. E falou dos shoppings. Primeiro, falou do shopping Iguatemi (aqui de São Paulo), que é bem frequentado. Falou que as lojas mais populares tem porta para fora, fazendo com que as pessoas que a frequentam não frequentem o shopping. Tá, tudo bem... Então resolveu falar que tinham shoppings que resolviam copiar o Iguatemi, já que este era o shopping mais bem frequentado de são Paulo. Mas foi exatamente isso que me fez discordar dele: ele disse que o Iguatemi queria copiar o Cidade Jardim (sendo que o cidade jardim é novo e o Iguatemi beem antigo). E depois começou a falar que os shoppings que não eram bem frequentados queriam sempre imitar um melhor frequentado.

Mas, peraí, não é porque um certo público com um melhor poder aquisitivo vai em um shopping que todos os outros shoppings vão querer esse público. As vezes, algumas lojas mais alternativas abrem nos outros shoppings por, exatamente, eles terem o público certo, não é? Se todos fossem uma cópia do cidade jardim, onde essas lojas estariam?

Outra coisa que ele disse foi que um shopping é o ponto de desejo das lojas de rua. Eu também discordo disso. Tipo, um shopping tem que estar aberto de domingo a domingo, das 10h as 22h ou 20h... Em uma loja de rua, quem determina o horário é você! Quando você quem determina o horário do seu trabalho, você tem uma mobilidade maior para fazer outras coisas. Realmente acho que alguém que trabalhe em uma loja de rua, com a jornada de trabalho que julgar necessária, preferiria trabalhar em um shopping, sendo presa a limitações.
É claro que o shopping tem lá suas vantagens: mais lojas, muitas coisas perto, mas também aumenta, e muito, a concorrência. E com isso, fica ainda mais difícil de vender as coisas.

Não sei se deu para perceber, mas eu realmente sou defensora das lojas de rua, e resolvi começar a pensar nisso simplesmente através de um mero exemplo dado por meu professor de português!

Por fim, eu realmente acho que acabo filosofando mais na aula de português do que na de filosofia, mas fazer o que, né?