24 de outubro de 2018

Era uma vez uma mulher que tentou matar o bebê da vizinha

Autor: Liudmila Petruchévskaia
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 203



Um feiticeiro resolve punir duas belas bailarinas transformando-as em uma artista de circo excepcionalmente gorda. Uma menina nasce, pequena como uma gota, dentro de uma folha de repolho. Um homem morto volta para ser devidamente enterrado. Uma menina sofre um acidente fatal e é ressuscitada, enquanto o pai sonha que devora corações humanos.

"Era uma vez uma mulher que tentou matar o bebê da vizinha" traz esses e mais outros variados contos da autora russa Liudmila Petruchévskaia, que se dispersam nos mais variados temas e cenários. O livro é dividido em quatro seções e reúne contos sobre epidemias, assassinatos, magia, vingança e o sobrenatural.

A obra de Liudmila me chamou atenção pelo título cativante, que é tirado de um dos melhores contos do livro, e pela promessa de histórias sombrias e contos de fadas assustadores... E sim, o livro realmente traz histórias que 'cumprem' esse papel, mas, acostumados como estamos a obras americanas, somos facilmente levados por essa premissa e acabamos encontrando algo um pouco diferente.

Os contos flutuam por cenários e contextos soviéticos, como se é de esperar, e narram diversas histórias, que como já comentei variam dos mais variados tipos. Algumas achei um tanto mirabolantes, admito. No geral, gostei de poucos dos 21 contos, que foram esses usados no título/resumo: uma mulher que tenta matar a filha da vizinha, um feiticeiro que amaldiçoa duas bailarinas, uma garota que nasce num repolho... E, das quatro partes, a primeira e a última são as melhores.

O estilo dos enredos me lembrou muito obras do Edgar Allan Poe, mas Liudmila possui uma escrita muito mais cativante e fluída, que não torna a leitura monótona ou cansativa, o que é um ponto positivo.

Em suma, eu fiquei um pouco decepcionado... Esperava mais dos contos, esperava algo bem mais sombrio e aterrorizante, mas não encontrei nada disso. São histórias esquisitas, isso é certo, mas não me surpreenderam, infelizmente. Salvo poucos contos, é claro. Mas há quem adore os contos... Acho que é interessante ler e tirar suas próprias conclusões.