28 de janeiro de 2010

Duas rainhas, diferentes governos

A rainha Elisabeth, que governou a Inglaterra no sec. XVI e a rainha Margot, que não chegou a ser realmente uma rainha francesa, mas sua família estava no poder durante o mesmo século.

Apesar de estarem em governos em praticamente na mesma época (Elisabeth em 1585 e Margot em 1572), a política de ambas é diferente. Enquanto a primeira tinha uma monarquia parlamentar, a França tinha uma monarquia absolutista, o rei sempre dava a ultima palavra.

Margot, a princesa da França, teve de se casar com Henrique de Borboun, um protestante. Como a nobreza, de maioria católica, não estava sendo apoiada pelos burgueses protestantes, obrigaram a princesa a se casar para conseguir obter a paz na França.

Já a rainha Elizabeth era totalmente apoiada pela burguesia, que tinha mais força no parlamento. Os nobres queriam que a rainha se casasse para que, tendo um marido nobre, que ajudasse a nobreza inglesa e fosse mais influenciado, fazendo coisas que a beneficiassem.



O rei da França, Carlos IX, era muito influenciado pelos outros – fazia tudo que seu fiel amigo protestante comentava.

O filme Elizabeth – a era de ouro relata uma monarquia parlamentar enquanto o filme A rainha Margot relata uma monarquia absolutista. Ao decorrer do filme Elizabeth, não há elementos que aponte uma monarquia parlamentar, a não ser no planejamento da guerra contra a Espanha onde se vê membros do parlamento se reunindo. No filme A Rainha Margot vê-se claramente a autoridade do rei em uma cena em que nobres discutem, e a palavra final é a do rei.


Elizabeth era uma rainha que, por ser solteira, governava a Inglaterra sozinha. Já Margot não era exatamente a rainha da França; quem governava era seu irmão mais velho, Carlos IX. Era ele quem tomava todas as decisões políticas, mesmo sua mãe, Catharina de Médici, ainda estando viva. O rei estava no poder pelo simples fato dele ser homem.

Para ajudar em importantes decisões, Elizabeth consultava um sábio senhor que tinha visões do futuro. Mas nem sempre ela seguia seus conselhos (como, por exemplo, no caso da guerra contra a Espanha, na qual ele a aconselhou de não lutar, mas ela guerreou).

Carlos IX era muito influenciado por seu amigo Colgny, que era protestante. Catharina ansiava pela morte de Colgny. O que confirma a influencia de Catharina sobre seu filho é o fato dele ter aceitado a morte de seu amigo desde que todos os outros protestantes fossem também assassinados (Massacre de São Bartolomeu). A morte de Colgny foi ordenada por Catharina, que não aprovava um protestante influenciando o rei, seu filho. Ela passou então a ser a influência de Carlos após a morte de Colgny.

A rainha da Inglaterra tinha total apoio da burguesia, por beneficiá-la e conseqüentemente a nobreza não apoiava Elizabeth. Os nobres ingleses estavam à procura de um marido nobre para Elizabeth para que ela deixasse de ser tão influente. Apesar da vontade dos nobres, Elizabeth seguiu sua própria vontade e nunca se casou. Os nobres eram contra a maneira na qual Elizabeth conduzia seu reinado, pois ela, diferentemente dos governos anteriores, não manteve todos os benefícios que a nobreza tinha. Além dos benefícios, a nobreza compunha a maior parte dos membros do parlamento inglês; com o reinado de Elizabeth, os nobres foram perdendo poder no parlamento para os burgueses. Com menos poder e menos regalias os nobres, com auxilio da Mary Stuart (que era a prima herdeira de Elizabeth), se descontentaram ao ponto de mandar assassinar Elizabeth, tentativa que falhou.

A família real francesa buscava o apoio da burguesia, que era protestante, pois já tinha total apoio dos nobres. Para conseguir este apoio, Margot casou-se por obrigação com Henrique de Bourbon, rei de Navarra.

A liberdade religiosa existia na Inglaterra, um país declarado anglicano pelo fato da rainha praticar esta religião. Antes, a Inglaterra era um país católico, e foi Elizabeth quem oficializou o anglicanismo - religião criada por seu pai, Henrique VIII. A religião da Inglaterra foi um dos motivos pelo qual a Espanha atacou militarmente o país, o outro fato era o de que corsários (piratas contratados pela rainha) roubavam os navios espanhóis mercantis que vinham de suas colônias.

Como a França era um país católico, tinha apoio dos nobres que também eram católicos. O país estava em busca do apoio dos burgueses. Esta busca foi o motivo de Margot casar-se com o protestante burguês Henrique de Bourbon que resultou no Massacre de São Bartolomeu, noite em que os protestantes são assassinados por causa de sua religião.

Tanto Margot quanto Elizabeth, por serem pessoas públicas, não podiam ou conseguiam manter intima relação de amizade. As mais intima relação de amizade que ambas conheciam era com suas respectivas camareiras. A rainha Elizabeth mantinha ainda menos relações sociais, pois mal saia de seu castelo, seu circulo social era muito limitado. Margot costumava sair do castelo em que morava regularmente. Ela tinha uma vida sexual ativa, e não tinha como preocupação produzir um herdeiro homem, já que este não teria como se apossar do reinado, pois Margot não era rainha. Elizabeth tinha esta preocupação.

Apesar de Margot e Elizabeth viverem praticamente na mesma época, a forma de governo do país em que cada uma vivia era muito diferente. A política influenciava muito em suas vidas, e já que eram diferentes governos, elas levavam formas de vida extremamente distintas uma da outra.