21 de julho de 2018

Deuses Caídos

Autor: Gabriel Tennyson
Editora: Suma
Páginas: 288


Quando um assassino em série com poderes paranormais, que se auto proclama o novo messias, começa a sequestrar evangelistas famosos (e corruptos) e a postar vídeos deles em situações assombrosas na internet, deixando que o público decida sobre suas vidas, a Sociedade de São Tomé decide, para o bem de todos e do grande segredo sobre a existência do sobrenatural, enviar Judas Cipriano, um padre indisciplinado, para trabalhar como consultor na Polícia na investigação dos crimes.

Além de consultor, Cipriano tem a tarefa de apresentar à inspetora Júlia Abdemi o mundo sobrenatural; afinal, para resolver o caso, eles precisarão de toda a ajuda possível e certamente não será de humanos comuns...

Gostaria de começar essa resenha dizendo duas coisas: eu não consigo falar mais sobre a história sem dar spoiler e eu não sei como expressar minhas opiniões sobre esse livro de forma coerente, acho.

Gabriel Tennysson me surpreendeu pra caramba; eu admito que peguei o livro para ler sem saber nada além do que resumi acima para vocês, então o autor teve diversas oportunidades de me surpreender e aproveitou todas. Começando por o livro se passar TODO NO RIO DE JANEIRO; ver como o autor mistura nossa realidade com um submundo mágico é simplesmente incrível.

A mitologia do livro se mostra impecável; Gabriel mistura lendas e fábulas antigas, já extremamente conhecidas por nós, com uma boa dose de envolvimento religioso. O Cristianismo e o sobrenatural se encontram de uma forma louca (há quem chame de heresia), mas inegavelmente bem desenvolvida. Isso sem falar em certo cunho político envolvido.

O livro é carregado de referências, que vão desde Constantine a Hell Boy, mas é extremamente criativo em seu próprio universo; a visão de Gabriel a cerca de diversas criaturas e outros elementos mágicos é ambiciosa, o que só torna o livro ainda melhor. Gostei principalmente do "sistema mágico" a cerca de Cipriano.

Os personagens também são outro ponto alto da trama; eles são humanos, mesmo que não tanto. São cheios de defeitos, com personalidades fortes, dramas pessoais e dilemas internos... são críveis. Cipriano é um padre exorcista bem louco, mas incrivelmente foda, por falta de palavra para descrever melhor. E Júlia, mesmo mais séria, também se mostra uma ótima personagem. Adorei a representatividade que o autor colocou neles e a forma como ele trabalhou isso na história.

Sem falar que o livro é CHEIO de gírias e regionalismo, o que nos aproxima ainda mais da história e quebra um pouco a seriedade de todo o restante.

Muita gente vai achar o livro louco, isso é certo, mas quem ama uma boa fantasia urbana, com uma pegada mais sombria, vai se banquetear com Deuses Caídos, de verdade. Personagens incríveis, trama criativa e bem desenvolvida, mitologia impecável, terror e humor na medida certa e bastante sarcasmo... Eu favoritei o livro antes mesmo de terminar de ler e já terminei desejando reler. Estou desesperado pelo próximo livro.

LEIAM!