2 de janeiro de 2018

Não me Abandone Jamais

Nome: Não me Abandone Jamais
Autor: Kazuo Ishiguro
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 344


Kathy H. está encerrando sua carreira como cuidadora, após quase 12 anos a exercendo com perfeição. Assim que terminar de exercer esse cargo, ela se tornará uma doadora - igual aqueles que ela cuida, igual todos os que estudaram com ela em Hailsham.

Ao longo do livro, Kathy relembra tudo o que passou para chegar até ali - principalmente o tempo em que passou em Hailsham. Nenhum dos alunos do internato tem pais. Todos vivem lá e o único afeto que têm de adultos vem pelos próprios guardiões. Eles cresceram ouvindo que são especiais, mas não entendem exatamente o motivo pelo qual o são.

Além disso, o internato sempre priorizou as artes e incentivou os alunos a serem criativos, selecionando as melhores obras para a Galeria - um assunto proibido, que não pode ser falado na frente dos guardiões, seus professores. De tempos em tempos, também é organizado um bazar, uma forma de os alunos trocarem o que criaram e começarem a ter seus próprios bens - suas coleções particulares.

Seu crescimento poderia até parecer comum, com conflitos comuns da idade - o despertar amoroso, as amizades e rivalidades -, sempre acompanhada de Tommy e Ruth. Mas nada é o que parece. Os alunos de Hailsham nada mais são do que clones - criados unicamente para doar seus órgãos vitais para os seres humanos se livrarem de doenças que até então eram tidas como incuráveis.

E nós só descobrimos isso quando saem da escola e são enviados ao Casario. Lá Kathy, Ruth e Tommy conhecem outras pessoas eles - mas que cresceram em escolas muito diferentes de Hailsham. Só então eles percebem como foram privilegiados em poder estudar em um lugar que os valorizava, apesar de serem o que eram.


Confesso que eu sempre tive um pouco de medo de ler livros de autores renomados por acreditar que a linguagem poderia ser difícil. Mas quando li a sinopse de "Não me Abandone Jamais", do ganhador do Nobel de Literatura em 2017 Kazuo Ishiguro, meu interesse despertou e resolvi abraçar essa oportunidade! 

Ao contrário do que eu imaginava, a leitura é muito tranquila e ao longo do livro, vamos acompanhando os passos de Kathy, conforme ela vai narrando sua história. De início, fiquei um pouco confusa, mas durante a narrativa, vamos entendendo como funciona a realidade da protagonista. A cada capítulo, enquanto acompanhamos sua infância, sua adolescência e chegamos a sua vida adulta, passamos a ficar curiosos para entender como esse mundo funciona e o porquê deles terem que fazer aquilo da maneira que fazem.

O livro é triste. Assim como seus amigos, Kathy entende o motivo pelo qual veio ao mundo e age de acordo, por mais difícil que seja simplesmente não poder viver nos seus próprios termos. Apesar de a realidade de Kathy ser diferente, ela ainda passa pelas mesmas emoções que nós - amor, tristeza, decepção - e isso é tratado de maneira muito leve pela protagonista. Terminei de ler com uma sensação estranha, mas imagino que seja exatamente isso que o autor queira passar.