Rashomon
O que é verdade? Rashomon deixa essa pergunta no ar. Japão, há muito anos atrás. A chuva forte inunda a tela, mostrando uma construção semi destruída, mas que se mostra um bom lugar para se abrigar enquanto foge da chuva. Lá estão um sacerdote e um lenhador. O primeiro com expressão neutra, o outro desolado, sem entender o que tinha acabado de testemunhar. Quando um estranho chega a construção e percebe que terá que passar um tempo lá se protegendo da chuva, resolve entender o que aconteceu – e é então que vemos, supostamente, o que deixou o padre incrédulo e o lenhador tão desolado.
Três dias antes, o sacerdote havia visto um casal: o homem, equipado com arco e flechas, além de uma espada, guiava um cavalo em que uma mulher, coberta por um véu, montava. Pouco tempo depois, o lenhador, ao procurar lenha, encontra o chapéu com véu da mulher, e, ao caminhar mais, encontra uma corda e, enfim, o homem, morto. Mas o que aconteceu entre o momento em que o padre viu o casal e o lenhador? Isso, sim, é a principal discussão do filme.
O forasteiro, o lenhador e o sacerdote.
Ao longo do julgamento, vemos os depoimentos (em flashbacks) da mulher; de Tajômaru, o infame, que foi encontrado com os bens do casal; e do morto, por meio de uma médium. Os fatos contados por cada um são, de início, os mesmos, mas depois divergem bastante.
Tajômaru conta o início da história – que aparentemente é comum entre os três depoimentos. Ele viu o casal andando pela floresta, e, no momento que vê a moça, sabe que deve possuí-la. Mas ele não queria matar o homem antes de fazê-lo, pois não se considerava um assassino. Assim, fingiu que venderia armas para o homem e consegue atraí-lo para o meio da floresta. Lá, o amarra em um pinheiro, deixando-o impossibilitado de se defender. Depois, resolve mostrar para a mulher como seu marido é fraco, levando-a para onde o marido estava amarrado e, próximo ao local, consegue fazer o que queria desde o início. É a partir desse momento que os depoimentos começam a se distanciar.
O casal e Tajômaru de costas
O filme está na lista dos 100 melhores filmes, de acordo com a revista SuperInteressante, e, por conta disso, estava na minha lista de filmes para serem assistidos há algum tempo. Para quem está acostumado com filmes de Hollywood, esse é bem diferente: é um filme preto e branco japonês de 1950. Uma coisa legal é que esse filme inovou: foi um dos primeiros a realmente filmar fora do estúdio!
Platão já dizia: "não existe verdade absoluta". O filme nos remete à isso. O que realmente aconteceu no bosque? Tem a verdade que eu vejo, e aquela que você vê, mas qual é a verdadeira? O filme nos leva a uma boa reflexão sobre o assunto. Para quem não tem problemas em assistir filmes em preto e branco, e em uma língua completamente desconhecida (pelo menos para mim), vale a pena assistir!
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