24 de maio de 2014

Entrevista: Ladulfo Almeida

Oi, gente!

Mais uma vez volto aqui com uma entrevista para vocês! O entrevistado dessa vez é o parceiro Landulfo Almeida, autor de "As Duas Faces do Destino", o livro do Top Comentarista do mês passado e que eu recomendo a todos!

Como foi seu primeiro contato com a leitura? Você já lia na infância?

Quando eu era criança, meu pai tinha uma biblioteca em casa que ocupava duas paredes. Aquilo exercia um estranho fascínio em mim. Um belo dia, instigado pelo meu programa de televisão favorito, “O Sítio do Pica-pau Amarelo”, pedi a meus pais que comprassem um dos livros da série de Monteiro Lobato. Salvo engano, não foi preciso. “As Reinações de Narizinho” estava lá. Não fui um leitor ávido na infância, mas lia mais do que a maioria de meus amigos. Na adolescência me afastei da leitura até entrar na faculdade. Foi quando li “As Brumas de Avalon” e me apaixonei verdadeiramente pelos livros. Percebi quão mágico, profundo e inteligente um livro podia ser.

Quando você começou a escrever? Quando decidiu ser autor?

Eu sempre gostei de escrever. Escrevia críticas sobre filmes na época de faculdade (sempre amei o cinema). Não mostrava para quase ninguém. Depois de formado me envolvi tanto com as atividades profissionais que acabei me distanciando da escrita. Eventualmente registrava uma ideia. Porém, não conseguia tempo para desenvolvê-la. Quando minha filha nasceu resolvi diminuir o ritmo de trabalho e, como consequência natural, voltei a escrever. Criei uma série de histórias para ela: “As histórias da princesa Lulu”. Depois passei a registrar várias ideias de potenciais livros. Contudo, foi apenas quando reorganizei completamente minha atividade profissional, liberando preciosas horas durante o dia, que pude dar vazão ao forte desejo de colocar em papel uma grande história. Mesmo assim, não pensava em ser escritor. Somente depois das primeiras cinquenta páginas é que o sentimento cresceu em mim. A vontade de continuar fazendo aquilo todos os dias. De repente, escrever se tornou uma necessidade, uma terapia.

Quais são suas inspirações para escrever? Tem algum autor como referência?

Vários autores e obras servem de inspiração e referência. Cada um deles possui um traço característico que admiro e que me influencia. Dentre eles posso citar George R.R. Martin, Stieg Larsson, Jeffrey Archer, Stephen King, Anne Rice, Marion Zimmer Bradley e J.K. Rowling.

Posso listar alguns livros que me marcaram. A trilogia “Millennium” de Stieg Larsson; “Caim &Abel” e “A filha pródiga” de Jeffrey Archer; “As brumas de Avalon” de Marion Zimmer Bradley (os quatro livros); “O vampiro Lestat” e “A rainha dos condenados”, das crônicas vampirescas de Anne Rice; “As Crônicas de Gelo e Fogo” de George R.R. Martin; “Labirinto” de Kate Mosse; e “Harry Potter” (o conjunto).

Qual foi sua inspiração para escrever “As Duas Faces do Destino”?

Provavelmente a inspiração veio de um documentário chamado “O universo elegante” que fala da teoria das cordas e da possiblidade de existirem múltiplos universos. Mas, não se apresentou de forma tão direta. As ideias me vêm na forma de imagens, como em um filme. Um belo dia eu corria no mesmo lugar onde Bruno e Adrianna se encontram pela primeira vez e a cena do primeiro capítulo do livro me veio à mente. Como na época eu já havia assistido “o universo elegante” e muitos outros documentários sobre teoria das cordas e universos paralelos, as ideias se uniram e o roteiro básico do livro se formou logo em seguida. Cheguei em casa e comecei a escrever.


Como foi a experiência de criar Aqua? Como foi a preparação para escrever o livro?

Aqua foi um desafio. Não posso falar muito para não estragar a surpresa de quem ainda não leu “As duas faces do destino”, mas tudo no planeta precisava fazer sentido com sua história evolutiva. Tanto a situação tecnológica e cultural quanto a geografia precisavam estar de acordo com a narrativa descrita no livro. Também deviam explicar a motivação e a personalidade dos personagens oriundos de lá. Como gosto de manter o máximo de realismo dentro da fantasia criada, precisei escrever muito mais sobre o planeta em meus registros do que aparece no livro. Foram muitas horas gastas em pesquisa sobre a evolução geológica do nosso planeta para criar outro parecido, porém diferente.

Outros assuntos como teoria das cordas, negócios milionários, ambiente corporativo, e o futuro da medicina já eram assuntos de meu interesse, mas precisaram de aprofundamento antes de ser mencionados no livro. Assisti novamente a documentários, pesquisei novas fontes de informação, consultei médicos e li reportagens. Como já conhecia bastante sobre cada um desses assuntos, esse aprofundamento aconteceu conforme eu escrevia a história.

Entre a primeira palavra e a finalização foram três anos, com uma pausa de seis meses, aproximadamente, nesse período. A inexperiência me prejudicou. Após estabelecer a premissa inicial e escrever os primeiros capítulos, tive que parar para compor o roteiro detalhado da história. Foi preciso gerar arquivos de apoio e planilhas para manter a cronologia adequada e coerente dos fatos. Afinal, a história se passa num período aproximado de sete anos, quando a vida de todos os personagens muda completamente. Foi um aprendizado, pois perdi muito tempo nessa reorganização. A partir daí, as coisas foram surgindo em concordância com as necessidades da história.

Hoje tenho um método de registro que facilita o trabalho e torna mais rápidas as consultas necessárias.

 Você pensa em escrever mais algum livro? Poderia nos contar um pouquinho sobre o que está planejando para os próximos anos?

Espero finalizar este ano o meu novo romance. Trata-se de uma história repleta de mistério. Uma antiga lenda indígena e pinturas rupestres encontradas em uma gruta escondida na Amazônia são peças do quebra-cabeça que o leitor precisará decifrar. Não é uma obra de ficção científica. Espero que gostem! Com alguma sorte conseguirei publicar no ano seguinte.

Tenho um resumo pronto do que poderia ser uma continuação de “As duas faces do destino”. Talvez invista nele em seguida.

Quais são as maiores dificuldades que um autor brasileiro enfrenta hoje em dia?

A única coisa fácil, por assim dizer, é escrever. O resto é sempre difícil. Dito isso, é mais fácil publicar hoje que no passado. Se o autor não conseguir uma editora para assumir o projeto ele pode optar pela autopublicação tradicional, publicação paga ou compartilhada com uma editora ou mesmo autopublicação em meio digital. Os caminhos possíveis são muitos. Sendo assim, elencaria a distribuição e a divulgação como os maiores obstáculos. Conseguir presença das livrarias e espaços de destaque é muito difícil. O espaço reservado aos autores estrangeiros de ficção ainda é significativamente superior aos nacionais.

Como você vê a literatura brasileira atualmente? Quais são suas expectativas quanto à ela?

Somos um país em transformação nesse aspecto. Embora não tenha acesso a pesquisas mais recentes que 2011, que apresentam números ruins quanto ao número de leitores de ficção, acredito que estamos melhorando. Tanto no número de leitores quanto na participação da literatura nacional de ficção nesse número. Acredito que cresceremos ainda mais graças à quantidade de autores nacionais que estão sendo publicados, muitos deles excepcionais, às ferramentas de divulgação proporcionadas pela internet, e ao crescimento da participação do livro digital, ainda irrisória, nas vendas de livros.

O que está por vir e pode mudar tudo são os filmes. Autores como André Vianco, Thalita Rebouças e Carina Rissi terão obras adaptadas para cinema e TV. Espero que isso aumente exponencialmente a venda de livros desses autores e crie um círculo virtuoso capaz de se expandir para muitos outros excelentes talentos nacionais.


Você faz parte do grupo “Infinito Criativo das Letras”. Você acha que o grupo ajuda na divulgação da literatura nacional?

Com certeza. Embora falemos em nossa página sobre diversos assuntos, no âmbito nacional e internacional, nossos maiores projetos tem foco na discussão da literatura nacional.

Nos programas hangout on air “Na Mira dos Autores” e “Eu Leio Brasil”, eu, Leonardo Barros, Marcelo Hipólito e Janaina Rico entrevistamos escritores nacionais famosos e expoentes em crescimento. Apresentamos novos autores para os leitores ou os conectamos a seus fãs. Nomes consagrados como André Vianco e Thalita Rebouças, e talentos proeminentes como Laura Conrado, Carina Rissi, Marina Carvalho, Sérgio Pereira Couto, Maurício Gomyde e tantos outros, já foram entrevistados.

Com um autor convidado a cada programa, debatemos no “Papo de Escritor” a literatura a partir do ponto de vista de cinco autores nacionais.

Todos os programas ficam gravados. É só acessar as playlists do canal do Infinito Criativo das Letras no youtube.

Qual a importância dos blogs literários hoje em dia, na sua opinião?

É o elemento mais importante para a divulgação do autor nacional na Internet. Sem sombra de dúvida. Os melhores blogs, comprometidos e profissionais, são um verdadeiro oásis na experiência de divulgação para um escritor. Atingem um público grande e são formadores de opinião. O Own Mine é um deles. Fui muito feliz em encontrá-lo em minha vida literária.

Infelizmente, ainda é pouco para mudar os números de venda dos livros nacionais de ficção. Espero que o futuro valorize esses blogs e permita que expandam suas atividades para outras mídias e formatos.

Tem alguma dica para quem tem vontade de publicar um livro?

Não desanime. Apure ao máximo seu original. Pague uma boa revisão. E mande para todas as editoras que se adequarem ao seu gênero literário e estilo. Inscreva-o nos concursos literários. Busque opções de autopublicação, se for viável para você. Enfim, acredite e acontecerá.

Sei que essa pode ser uma pergunta difícil, mas qual seu livro preferido?

Realmente é impossível citar apenas um e me considerar verdadeiro. Citarei uma série e um livro que me marcaram profundamente. A série Millennium de Stieg Larsson e Caim & Abel de Jeffrey Archer.

Qual livro nacional você recomenda? Por quê

Tarefa ainda mais difícil. Prefiro sugerir um para cada gênero. O chick-lit “Apimentando” de Janaina Rico, o policial “Presságio – O assassinato da freira nua”, de Leonardo Barros, a fantasia “O Mago de Camelot” de Marcelo Hipólito, a série infanto-juvenil “Minha Vida Fora de Série” de Paula Pimenta (esses eu não li, mas minha filha amou) e a aventura vampiresca “Os Sete” de André Vianco. Indico todos pelo mesmo motivo, são originais, bem escritos, e prendem o leitor.

Você gostaria de deixar algum recado para os leitores do blog?

Queria agradecer à Andrea pela oportunidade de responder a essa entrevista. Perguntas interessantes que me dão a oportunidade de expor opiniões além de permitir aos leitores me conhecer um pouco mais. Adoro esse blog!

Dito isso, sugiro sempre a todos os leitores que não se prendam a nada. Nem à nacionalidade do autor nem ao gênero literário. Como disse acima, uma obra que me marcou profundamente é de um autor Sueco, amei “A Cabana”, uma história com temática religiosa, e adorei “Apimentando”, que é um chick-lit, gêneros que normalmente não leio. Existem pérolas por aí. É só dar uma chance a elas.

 
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