Zumbis: Quem Disse que Eles Estão Mortos
Nome: Zumbis: quem disse que eles estão mortos
Organizador: Ademir Pascale
Editora: Allprint
O
livro começa com "Unhas e Dentes", uma apresentação de Cesar Silva
sobre o fato de os zumbis ainda não terem sido tão bem explorados na literatura
e mostrando como todos nós somos ávidos pela criação de novos monstros!
Por
fim, existe um ensaio sobre zumbis e mortos vivos feito pelo prof Ms Edgar
Indalecio Smaniotto, em que expõe, de maneira muito clara, os elementos para a
criação de um novo mito literário, usando como base as antigas culturas que
praticavam, por exemplo, a mumificação, livros famosos, como Frankstein, e até
argumentos médicos que indicam a possibilidade de ressurreição de corpos (eu,
inclusive, lembrei de uma pesquisa no México que descobriu uma célula que
continuava 'viva' mesmo depois de morta.
Mas
o principal mesmo do livro são os 19 mini-contos que o compõe. Os contos,
todos, mostram de forma criativa diversas histórias sobre o apocalipse zumbi.
Algumas mostram como ele surgiu; outras como os humanos convivem com ele; e
outras até criam novos modos de se tornar um zumbi – até mesmo as cinzas de um
morto podem ser um morto-vivo!
Agora, vou contar para vocês um pouquinho sobre cada conto. Nenhum deles tinha mais que 10 páginas, mas mesmo assim, encontrei
várias histórias interessantes!
Meu inferno sou eu (Mario Carneiro
Jr):
Bia Valente acabou de falecer. A ex-socialite agora é um fantasma e, apenas em
seu leito de morte, conseguiu atingir um corpo perfeito. Pelo menos era isso
que ela achava. Após se ver saindo do próprio túmulo, sedenta de cérebros, e
disposta a voltar para sua antiga mansão onde vivia com seu marido, Bia fará de
tudo para impedir que o destino seja cruel com seu amado. Mas será que ela não
cairá nas simpatias de sua versão zumbi?
Eu
gostei bastante do conto! Achei bem criativa a visão de um corpo separado de
sua alma e dos dois interagindo. Também achei Bia uma personagem bem cômica,
considerando a posição em que se encontrava!
A Mina (Pedro Moreno): após 20 anos trabalhando em uma mina, Douglas tornou-se o chefe dos mineiros. Parece um dia normal de trabalho, até que Hugo, o mais novo dentre os trabalhadores, encontra um braço - e, ao contrário de todas as expectativas, ele se mexe.
Eu
gostei do conto. Achei muito legal a premissa de o ataque zumbi acontecer
debaixo de uma mina - exatamente onde ninguém havia estado antes era, na
verdade, um ninho de zumbis! Só fiquei um pouco confusa no final... Qual foi o
destino de Hugo? E Douglas foi tomado logo pelos zumbis?
Balidos (Rubem Cabral): esse foi um dos contos mais interessantes da antologia, na minha opinião. Roberto, um homem arrogante e viciado, finalmente consegue vender o sítio da família. Como não vão servir ao novo proprietário, manda matar as 6 cabras e o bode que lá vivem. O que não imagina é que os animais podem procurar vingança. E, é claro, não vão o deixar em paz.
Na Estação de Trem (Elenir Alves): Dorotéia está esperando sua amiga Rosana, a quem não via a 30 anos, na estação de trem. Do outro lado da linha, vê uma mulher, desfigurada, a encarando... O que será que ela quer? Eu gostei do conto - com certeza ficaria angustiada ao ver uma mulher tão estranha do outro lado da linha. E também ficaria com medo, sem saber se a louca era eu.
Sobre as Águas do Amazonas (Felipe Alandt Simm): um vírus se alastrou do Uruguai e rapidamente fez seu caminho para o norte. Carlos encontrou num barco no Rio Amazonas sua salvação. Matheus procurava outro sobrevivente, e por pouco não foi comido pelos zumbis espalhados na floresta. Mas será que Carlos é mesmo sua salvação?
Esse
foi o meu conto preferido, realmente adorei! Carlos é um personagem que luta
pela sobrevivência, não hesita em colocar um novo sobrevivente em seu barco e
faz de tudo para preservar a memória de sua família. Tudo mesmo.
Rito Necromante: Criar Zumbi (Duda Falcão): que tal aprender um ritual para a cura rápida? Após algumas leituras profanas, 5 compadres resolveram testar o ritual: e deu certo! As feridas rapidamente foram cicatrizada e as dores em pouco tempo deixaram de existir. Mas será que o ritual serve mesmo só para curar apenas feridas?
Adorei
o conto. Acho legal ver essas culturas diferentes - e morro de medo que alguma
dessas coisas profanas sejam mesmo verdade! Típico de um filme de terror!
Cinema Amador (Mariana Albuquerque): Linus Alves ganhou uma câmera nova - e com ela promete revelar o grande segredo da pequena cidade em que mora: o que realmente existe dentro da casa dos Lamounier, que se encontra abandonada desde o século 18. Será que ele sobreviverá à casa que ninguém se atreve a entrar? Só lendo para descobrir!
Amei
esse conto! Está empatado com "Sobre as águas dos Amazonas" como meu
favorito da antologia.
Ivandro (M. D. Amado): quando Ivandro era adolescente, ser um caçador de zumbis não era opção de profissão. Agora tudo mudou, e os zumbis estão dominando o Brasil.
Gostei
muito do conto! Ele, mesmo tendo apenas 3 páginas, conseguiu me surpreender -
realmente não imaginava quem seria o verdadeiro caçador!
Cinzas (Alvaro Moreira de Carvalho): o maior conto do livro mostra uma cidadezinha que foi invadida por um vírus que transforma a todos em zumbis - inclusive seus mortos. Quando os três maiores exterminadores de zumbis se reúnem para acabar com os mortos-vivos, podem se surpreender com o que encontrarão por lá.
Alvaro
conseguiu inovar e deu outro lado para os zumbis. Gostei muito de sua
criatividade e adoraria ler mais sobre seus zumbis!
Filhos de Escuridão (Mandy Porto): Anna nasceu após o apocalipse zumbi. Ela é uma das poucas pessoas que fazem parte da resistência. Agora que os zumbis descobriram seu esconderijo, ela deve partir. Será que vão encontrar um novo lugar para se esconderem?
Achei
o conto muito legal, mas infelizmente muito curto. Mesmo assim, vale a pena
ler!
Inesperados (Francis Piera): após o apocalipse zumbi, Caio, Léia e sua filha, Carol, se refugiaram junto ao delegado, na delegacia. Mas será que aguentarão muito tempo lá?
Eu gostei do conto e adorei o modo como Léia agiu no final - muito inesperado. Só fiquei um pouco incomodada com alguns errinhos ortográficos/ de concordância que encontrei no conto. De resto, adorei a história! Quero saber como foi a vida de Carol depois do apocalipse!
Dia dos Mortos (Alexandre da Costa): o conto mostra o suposto zumbi como se estivesse vivendo mais um dia entre os vivos. Ninguém o percebe - é comparado a um mendigo -; os prazeres de seu antigo dia-a-dia, como um mero cigarro, já não lhe dão nenhuma sensação.
Dia dos Mortos (Alexandre da Costa): o conto mostra o suposto zumbi como se estivesse vivendo mais um dia entre os vivos. Ninguém o percebe - é comparado a um mendigo -; os prazeres de seu antigo dia-a-dia, como um mero cigarro, já não lhe dão nenhuma sensação.
Esse conto, o mais curto da antologia, tem uma veia mais poética, mais profunda. Para quem gosta desse tipo de escrita, tenho certeza, vai adorar.
Ownlie zumbi apóia esse livro!
Caindo em Desgraça (Bruno R.R. Santos):
William é um homem poderoso, sem qualquer escrúpulos. Depois de anos tentando
encontrar, criou e espalhou o vírus que faria com que todos virassem zumbis.
Mas será que foi necessário?
Eu
gostei muito desse conto! Também está empatado entre os preferidos da
antologia. William é um homem sem nenhuma ética e que só faz o que lhe
interessa - mesmo que isso seja prejudicial para todo o resto do mundo. Mas, no
fundo, ele sabe o que é amar.
Inconsciência Ecológica (Frank Bacurau): um grupo de cientistas conseguiu sobreviver ao apocalipse zumbi - e está tentando criar embriões sem a necessidade de um útero. Pouco antes do grande nascimento, encontram Francisco, um homem aparentemente imune aos zumbis.
Adorei
o conto e achei muito legal a ideia de se criar bebês em úteros artificiais.
Também gostei do nome dado aos zumbis; "mar morto".
O Carregador de Malsã (Vinicius Carlos Vieira): Jean-Max sonhava em ser o ajudante de um grande Doutor. Quando chegaram ao Haiti, porém, já tinha certeza que era considerado apenas o carregador de malas. Até que o Doutor o chama para uma missão de campo. Gostei bastante do conto.
Adorei
o modo como trataram a cultura haitiana - uma das responsáveis pelo modo como
tratamos os zumbis hoje em dia - e mostraram que nem sempre tudo é como parece.
Depois dessa, você nunca mais vai reclamar do seu chefe!
Quarentena (Alex Mir): Mulambo acorda de madrugada e estranha o silêncio da prisão. Sua cela está aberta. Quando procura alguém para explicar o que está acontecendo, é quase comido por outro prisioneiro. Zumbis. Será que vai conseguir sair de lá vivo?
Quarentena (Alex Mir): Mulambo acorda de madrugada e estranha o silêncio da prisão. Sua cela está aberta. Quando procura alguém para explicar o que está acontecendo, é quase comido por outro prisioneiro. Zumbis. Será que vai conseguir sair de lá vivo?
Eu
adorei a história! O conto é o contrário do que imaginamos: os zumbis vem dos
presídios, e não são os sobreviventes que se isolam lá. Uma boa maneira de
acabar com os prisioneiros, né?
A Escolha (André Schuck Paim): há 8 meses, o mundo como conhecemos mudou por completo. Nelson tinha uma escolha difícil para fazer: se tornaria um zumbi, junto a sua filha, ou a mataria, se suicidando logo depois? Depois de muito pensar, finalmente chegara a uma decisão. Será a correta?
Achei
o conto interessante. Mostra como as pessoas, ocupadas com seu dia-a-dia,
deixam de praticar atos simples, mas muito significativos. E também provam que
não há amor maior do que aquele entre pais e filhos.
A Cidade dos Mortos-Vivos (Carlos Eduardo de Lima dos Santos): tudo aconteceu um pouco rápido. Em 3 páginas, o autor mostra as origens, a expansão e a morte dos zumbis em uma pequena cidade do Texas, nos EUA. Mesmo assim, adorei a forma que o autor encontrou para justificar a origem do vírus - realmente bem diferente! Se fosse uma história mais comprida - ou até um livro - tenho certeza que gostaria muito! Mas achei que, apesar de mostrar toda a reviravolta dos zumbis na cidadezinha, a história ficou muito superficial.
Samanta (Jocir Prandi e Márson Alquati): o conto me lembrou o "Sobre as Águas do Amazonas" e talvez por isso que eu tenha gostado tanto! Bresser se vê desesperado quando assiste à notícia da existência de mortos-vivos espalhados pela cidade enquanto espera Samanta, sua filha, voltar para casa. Fica desesperado com a possibilidade dela ter se tornado uma zumbi - o que ele faria?
Depois de ler todos esses contos, volto a afirmar que eu nunca sobreviveria a um apocalipse zumbi! Não estou em boa forma para sair correndo por aí, não tenho armas potentes para me defender e, o pior de tudo, vivo numa das maiores cidades do mundo, o que significa que estarei rodeada de zumbis! Brincadeiras a parte, o livro é recomendável aos fãs de zumbis - tenho certeza que vocês vão adorar!
Esse post foi feito como resenhista do Arca Literária!
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