17 de maio de 2016

Espada de Vidro

Nome: Espada de Vidro
Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Páginas: 496
Tem spoilers de A Rainha Vermelha


O mundo distópico de "A Rainha Vermelha" é dividido pela cor do sangue. Aqueles que nasceram com o sangue prateados são nobres, e cada um deles tem poderes sobrenaturais que faz com que sejam temidos. Os que nasceram com sangue vermelho vivem para servir a elite prateada, tendo que passar seus dias em meio a pobreza, a fome e a guerra.

Mare Barrow, a protagonista de nossa história, cresceu em uma comunidade pobre e faz pequenos furtos para garantir a sobrevivência da família. Ela sabe que quando fizer 18 anos - em um futuro próximo - terá que partir para uma guerra, da qual dificilmente vai voltar vive ou inteira.

Porém, devido a um encontro inesperado com o príncipe, Cal, ela consegue um emprego no palácio. Ainda mais surpreendente, descobre que também possui habilidade de controlar a eletricidade, tornado-se uma chave essencial para a Guarda Escarlate, que luta pela igualdade dos vermelhos.

"Espada de Vidro" começa exatamente onde o primeiro livro acabou. Depois de falharem em m ataque contra o palácio, a Guarda Escarlate se vê em uma situação ainda mais perigosa. Maven, que agora ocupa o trono de Norta, sabe quais são os meios de transporte utilizados pela Guarda e também onde eles se escondem, o que pode colocar tudo a perder. Para onde eles podem fugir?

Mare sente-se surpresa com a preparação da Guarda. Eles já tem tudo planejado. Seu irmão Shane - até então considerado morto - explicou que a Guarda se faz de fraca, mas na verdade está muito bem preparada: bases em lugares improváveis, estoque de armamento e de naves. Apesar disso, Mare não sente confiança nem segurança entre eles - todo mundo pode trair todo mundo é seu novo lema.

Durante o primeiro livro, Mare descobre que não é a única vermelha a ter poderes. Existem mais sanguenovos espalhados por Norta - e eles correm perigo. Assim, a garota elétrica parte em busca desses iguais, que são sua maior esperança de destruir os prateados.


Depois do que aconteceu no final de "A Rainha Vermelha", eu estava super curiosa e animada para a continuação. Mas, assim que peguei o livro, tive dificuldade para ler. O começo é agitado, realmente em continuidade com o primeiro livro. Porém, com o tempo, as coisas começam a ficar paradas. E só do meio para o final que tudo volta a ficar animado.

Mare está muito desconfiada nesse livro. Ela repete milhares de vezes a frase de Julian: "todo mundo pode trair todo mundo", o que acaba enchendo um pouco. Além disso, ela cria uma consciência de que é melhor que os outros por conta de seus poderes, que seu melhor amigo Kilorn tem inveja disso... Mas isso não é bem verdade: tem outros com poderes tão incríveis quanto o dela. A única diferença é que seu rosto é conhecido pelos inimigos.

Realmente, fico incomodada quando personagens que eu gosto começam a ficar assim - foi exatamente o que eu senti ao ler "A Esperança", o último livro da trilogia de "Jogos Vorazes", ou "Insurgente", da saga "Divergente". O que deixa tudo ainda mais cansativo é a narrativa em primeira pessoa - tenho certeza que se eu não estivesse na mente de Mare, a leitura seria bem mais dinâmica e menos cansativa.


De qualquer forma, a escrita de Aveyard continua incrível. As cenas de ação são muito bem escritas e são bem intercaladas com cenas mais leves, que amenizam um pouco o clima da história. Também foi ótimo conhecer um pouco melhor outros personagens, que passaram a fazer parte do dia-a-dia de Mare: seu irmão Shane, Kilorn, Farley, Cal e outros sanguenovos que aparecem ao longo da história.

Ao contrário do primeiro livro, esse não teve aquela pitada de romance (ou triângulo amoroso) que vimos no primeiro. Apesar de existirem, sim, alguns interesses, esse realmente não é o foco do livro, que dedica suas páginas aos problemas políticos de Norta e ao pequeno grupo de Mare tentando sobreviver por lá.