28 de março de 2014

Ela


No futuro, os seres humanos estão cada vez mais dependentes da tecnologia, e a utilizam a cada segundo de suas vidas. Pensando nisso, uma empresa lança um sistema operacional inovador, que tem inteligência artificial, age como um ser humano e evolui de acordo com as respostas que recebe de seu proprietário, seus suspiros e entonação de voz.

Theodore é um homem solitário, que vive de escrever cartas para outras pessoas, e ainda está deprimido por ter se separado de sua esposa. Quando descobriu sobre o novo Sistema Operacional, não pensou duas vezes e já comprou. Para sua surpresa, seu novo computador tinha vontade própria, escolheu seu próprio nome – Samantha – e tem a voz de Scarlett Johansson.

O sistema operacional age como qualquer outro da época: organiza a agenda, repassa informações, mas ele também age como um ser humano, demonstrando sentimentos, conflitos e emoções típicos de um ser humano. Aos poucos, Theodore é conquistado pela voz, pela simpatia de seus Sistema Operacional, e embarca em um relacionamento sério com ela. E, ao contrário do esperado, muitos aceitam bem essa situação. Mas será que namorar um Sistema Operacional dá mesmo certo? Ou será que é apenas um modo de fugir da realidade?


Joaquin Phoenix atuou de forma impecável e era possível ver a dor e a dúvida que surgiam em sua cabeça quanto a seu relacionamento. Scarlett Johansson também é ótima, podemos perceber sua expressão e sentir suas angústias e sua felicidade apenas pelo tom de sua voz.

Apesar de parecer absurdo, a situação vivida por Theodore não parece irreal. Hoje em dia mesmo, não é difícil encontrar gente que se apaixonou por alguém online, por mensagem – sem até ter ouvido sua voz. A única diferença é que, hoje, sabemos que tem um ser humano do outro lado da tela. E Samantha tem tamanha paixão à vida que não é estranho Theodore ter se apaixonado por ela.

Eu adorei o modo como o diretor Spike Jonze tratou a relação homem-máquina. Apesar da situação ser diferente, minha mente foi ao filme “Simone”, em que o personagem de Al Pacino cria a atriz perfeita por um programa de computador, um filme que eu também adoro.

O filme foi indicado à 5 Oscars, e levou o de Melhor Roteiro Original. Eu assisti ao filme depois do Oscar e gostei bastante. Mas percebi que essa não foi a opinião de todos na sala – reparei que pelo menos três pessoas saíram no meio do filme.  Eu, particularmente, achei que o filme realmente mereceu esse Oscar – o roteiro é incrível. Vale muito a pena ver!


* Essa resenha também foi postada para o blog "As Leituras de Mila", no qual sou colunista.